Projeto de pesquisa

O projeto terá as vertentes experimental, fisiológica e bioquímica realizadas no Centro de Biologia Marinha (CEBIMar) da USP, no laboratório de Fisiologia evolutiva e Biogeografia funcional sob responsabilidade do Prof. Dr. Samuel Faria. As análises morfológicas serão conduzidas na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão da USP, e sediadas no Laboratório de Morfo-Fisiologia de Vertebrados sob responsabilidade do Prof. Dr. Wilfried Klein.

- Obtenção dos animais
Com prévia autorização SISBIO #81347-1, aproximadamente 40 espécimes de Uca maracoani Latreille, 1802-1803 serão coligidos manualmente de galerias ou diretamente sobre o substrato, e durante a maré baixa, no município de Paraty/RJ (RJ, Paraty 23,20143 oS/44,72268 oO). Os caranguejos serão transportados até o CEBIMar/USP (São Sebastião/SP), onde permanecerão cinco dias a 26 °C em recipientes com uma lâmina de água do mar (35‰) para início dos experimentos.

- Experimentação
Para avaliar os efeitos isolado e combinado da salinidade e submersão em Uca maracoani, grupos (N=14) serão expostos a meio hiposmótico (184 mOsm/kg H2O, ~6‰) e hiperosmótico (1429 mOsm/kg H2O, ~48‰) por 5 dias, a 26 oC, a partir da condição de aclimatação [lâmina de água do mar a 1050 mOsm/kg H2O (35‰)]. As soluções serão preparadas a partir do descongelamento progressivo de água do mar previamente congelada.

- Osmorregulação e metabolismo
Após 5 dias de exposição ao tratamento combinado de salinidade e submersão, amostras de 10 μL de hemolinfa de cada espécime (N=7) será extraída. A osmolalidade da hemolinfa será medida em micro-osmômetro de pressão de vapor (Wescor 5500 XR). Após o mesmo período, os caranguejos terão o consumo massa-específico de O2 determinados por dois métodos distintos e, em ambos, os respirômetros contendo os animais serão ajustados de acordo com o tamanho do animal. Para o grupo emerso (N=7), empregar-
se-á a respirometria de fluxo intermitente: os animais serão mantidos individualmente em respirômetros fechados e, após um tempo determinado (2 h), esse será aberto para comparação do ar respirado com uma linha de base assegurada para o registro dos valores de O2 no analisador de gases (FOXBOX-C Field Oxygen & Carbon Dioxide Analysis System, Sable Systems International Inc.). Os animais submersos terão o consumo de oxigênio determinado por respirometria fechada (N=7). Nesse método, os respirômetros receberão um fluxo de água normóxico e normocápnico durante 12 horas antecedendo as medições. Para a medição, o fluxo de água será interrompido e recirculado entre um sensor de célula de fluxo para medir PO2 e a câmara contendo o animal. O sensor de célula de fluxo será conectado a um medidor de oxigênio óptico, FireSting (FSO2-4 – PyroScience) que será conectado a um computador. Em ambos os métodos, os dados serão registrados em um computador acoplado usando-se diferentes softwares (Expedata, Sable Systems International Inc. ou Pyro Oxygen logger). Os dados finais serão padronizados pela massa seca do animal (após secados em estufa a 60 ºC por 24 h).

- Morfologia
A análise histológica será feita nas brânquias posteriores e anteriores. Todo o processamento histológico será realizado no Laboratório de Morfo-Fisiologia de Vertebrados sob responsabilidade do Prof. Dr. Wilfried Klein.

- Análises estatísticas
O efeito da exposição ao efeito combinado de salinidade e submersão sobre a osmoalidade, consumo massa-específico de oxigênio e morfologia branquial serão avaliados por análises de variância (ANOVA) de 1 fator seguido pelo teste de médias múltiplas de Student-Newman-Keuls (SNK) para localizar as médias estatisticamente diferentes. As análises serão feitas após averiguar as condições de normalidade de distribuição e de igualdade de variância usando o programa Sigma Stat 2.03, utilizando o nível de significância de P ≤ 0,05.