Projetos de docentes ou pesquisadores - CEBIMar

Parecer da Comissão Científica

Projeto do CEBIMar

Dados do solicitante

Samuel Coelho de Faria

Natureza do projeto

Projeto de docente ou pesquisador
Projeto autônomo

Pesquisadores ou docentes associados

Alvaro Esteves Migotto
Anieli Cristina Maraschi
Aurea Maria Ciotti
Carla Zilberberg
Hudson Tercio Pinheiro
Kátia Capel
Marcelo Visentini Kitahara
Ronaldo Bastos Francini Filho
Guilherme Toledo Alves Patrocinio
Luciano Douglas dos Santos Abel
Miguel Mies

Recursos

2022/03105-7
Fapesp

Descrição do projeto

Usando o passado filogenético para prever impactos climáticos: ecofisiologia da simbiose e evolução acelerada na conservação de recifes de coral
01-02-2023
01-02-2028
O coral holobionte – hospedeiro animal, fotossimbiontes (zooxantelas), bactérias e vírus - é uma unidade evolutiva cujas partes respondem sinérgica e integradamente às pressões ambientais. Os recifes de coral são pivotais na manutenção da biodiversidade marinha, contudo 50% daqueles brasileiros estão ameaçados. Por isso, objetiva-se que esta proposta surta impactos científicos, ambientais, sociais e de políticas públicas de curto a longo prazos por meio da resolução de três grandes problemas: se a diversificação de espécies de bactérias e zooxantelas associa-se aos eventos de especiação dos corais; se a aquisição da simbiose afetou a evolução da fisiologia coralínea, a adaptação a ambientes extremos e a tolerância às mudanças climáticas; e se é possível acelerar a evolução das zooxantelas para transferir potencial tolerância ao coral hospedeiro. Dezenas de espécies de corais simbióticos ou assimbióticos serão coligidas do mar profundo, recifes mesofóticos e rasos, e do entre-marés da costa do Brasil. A diversidade de zooxantelas e/ou bactérias será caracterizada genomicamente para reconstruções filogenéticas à luz da sistemática coralínea. Biomarcadores ecofisiológicos associados à respiração e fotossíntese, metabolismos energético e oxidativo, calcificação e ecologia trófica serão avaliados nos corais e zooxantelas separadamente. Os fotossimbiontes, por fim, terão a evolução acelerada em laboratório para promover tolerância à temperatura a fim de, conseguintemente, criarem-se hospedeiros mais resilientes. O passado evolutivo será recaptulado, portanto, para que se busquem os compromissos filogenéticos que promovam tolerância ou susceptibilidade ao câmbio climático, enquanto antecipa-se o futuro com evolução assisitida para se discutir novas ferramentas que possam subsidiar estratégias de co-criação com tomadores de decisão.
Evolução
Filogenia
Fisiologia
Conservação
Simbiose
Recifes de coral
A) Expedições e espécies de corais
Esse projeto coletará espécies de 4 ambientes distintos: o entre-marés (0 m), recifes de águas rasas ( 800 m) . Diferentes espécies de corais escleractíneos zooxantelados e/ou azooxantelados [N=30 fragmentos por espécie / indivíduos caso solitários] serão coligidas de cada um desses ambientes, bem como um hidrocoral a ser utilizado como grupo-externos nas comparações. As coletas serão feitas por mergulho autônomo, com uso de re-breathers ou com o auxilio de ROV.

B) Experimentação: aclimatando e simulando mudanças climáticas
Nas facilidades do CEBIMar-USP, fragmentos de cada espécie coligida do entre-marés, mar raso e mesofótico serão aclimatados em aquários em fluxo contínuo com a água do mar, por 20 dias, antes do início dos experimentos. A água proveniente do mar mantém todas as características físico-químicas do ambiente natural, como disponibilidade de matéria orgânica, salinidade, pH, temperatura e turbidez, com uma luz artificial de 150 μmol photons m-2 s-1, sob fotoperíodo 12h luz/12 h escuro. Já as espécies de regiões profundas serão mantidas em câmaras frias à 10 oC, no escuro, também por 20 dias, com troca diária de 30% da água nos aquários.
Após a aclimatação, fragmentos/colônias de cada espécie serão transferidos para aquários controle onde os parâmetros serão controlados exatamente como na descrição supracitada, e para aquários onde serão expostos ao tratamento combinado de aquecimento e acidificação, por 30 dias.

C) Caracterização dos simbiontes: zooxantelas e bactérias
A região do espaçador interno transcrito 2 (ITS2) do rDNA (~400 bp) será amplificada via PCR com os iniciadores específicos para simbiodiniáceos ligados aos adaptadores Illumina. Para as bactérias, a amplificação do gene 16S rRNA será realizada por meio de PCR da região V3 e V4, utilizando primers em conjunto com adaptadores Illumina.

D) Análises ecofisiológicas
As análises ecofisiológicas serão realizadas em todas as espécies de corais das abordagens in situ e experimental, com exceção da respiração e fotossíntese que devem ser realizadas com material vivo e, portanto, apenas o material que passará sob experimentação terá essas métricas avaliadas. Para a análise em diferentes partes do holobionte, as espécies de coral simbióticas terão as zooxantelas separadas dos seus hospedeiros com o auxílio de uma air brush acoplada a um compressor e água do mar filtrada. Serão analisadas as métricas, a saber:
- simbiose (densidade de zooxantelas e conteúdo de clorofila a);
- fotossíntese, consumo de oxigênio e heterotrofia;
- estado oxidativo (capacidade antioxidante e lipoperoxidação);
- cinética do metabolismo e calcificação (atividade da citrato sintase, lactato desidrogenase e cálcio ATPase, bem como as constantes de meia-saturação (Km) e catalítica (kcat) destas enzimas);

E) Evolução assistida
Será aqui utilizado Mussismilia hispida e seus fotossimbiontes (Symbiodinium linucheae, Breviolum minutum e Cladocopium goreaui) como modelos evolutivos dentro do design em catraca por 3 anos. Neste esquema, o crescimento populacional é mantido por meio da divisão celular sob forte pressão seletiva, a saber altas temperatura ou amplitudes térmicas. A taxa de crescimento específico e o número de gerações de cada população de Symbiodiniaceae serão calculados. Em seguida, para distinguir adaptações evolutivas (seleção genética) de efeitos de aclimatação a altas temperaturas ou elevadas amplitudes térmicas, transplantar-se-ão algas que evoluíram em uma condição para outra, por 3 semanas, in vitro. Por fim, assumindo que as zooxantelas selecionadas apresentarão adaptações evolutivas para enfrentar as mudanças climáticas futuras, hipotetiza-se que elas possam transferir essa resiliência aos hospedeiros quanto à tolerância ao branqueamento. As larvas incubadas com zooxantelas controle e selecionadas serão expostas à temperatura elevada ou à amplitude térmica por 30 dias para avaliação das métricas citadas no item D.
Documento anexo.

Solicitações

Salas 1 e 2 e sala de preparações do laboratório Paulo Sawaya, laboratório de biologia molecular, centros de cultivo e de mergulho, e área das tendas.
Todos já presentes no CEBIMar ou em processo de aquisição
Agaricia agaricites, Agaricia fragilis, Astrangia rathbuni, Astrangia solitaria, Favia gravida, Madracis decactis, Meandrina brasiliensis, Montastrea cavernosa, Mussimilia braziliensis, Mussismilia harttii, Mussismilia hispida, Mussimilia leptophyla, Porites astreoides, Porites branneri, Siderastrea stellata, Stephanocoenia intersepta, Tubastraea coccinea, Tubastraea tagusensis, Caryophyllia barbadensis, Coenocyathus sebrocki, Trochocyathus sp, Millepora alcicornis, Cladocora debilis, Pourtalosmilia conferta, Lophelia pertusa, Solenosmilia variabilis, Enallopsammia rostrata, e Madrepora oculata.
Abrolhos (BA), Bacia de Campos (RJ) e/ou Arquipélago de Alcatrazes (SP).
Não.
Sim
  • Montagem de alguma estrutura (estantes, aquários etc)
  • Auxílio técnico para manutenção de estruturas ou material biológico na ausência dos participantes da atividade
  • Janeiro
  • Fevereiro
  • Março
  • Abril
  • Maio
  • Junho
  • Julho
  • Agosto
  • Setembro
  • Outubro
  • Novembro
  • Dezembro
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