Parecer da Comissão Científica

Projeto Externo - de Instituição Governamental Brasileira

Dados do solicitante

André Garraffoni

Natureza do projeto

Projeto de docente ou pesquisador
Projeto autônomo

Pesquisadores ou docentes associados

André Rinaldo Senna Garraffoni

Recursos

2021/05612-0
Fapesp

Descrição do projeto

Superando as deficiências taxonômicas, filogenéticas e biogeográficas em Tardigrada: uma visão integrada em um grupo meiofaunal negligenciado.
14-10-2022
31-10-2024
Tardígrados são micrometazoários de vida livre que medem de 50 μm a 1mm, conhecidos desde o século XVII. São cerca de 1.200
espécies amplamente distribuídas em ambientes marinhos e limnoterrestres, mas o conhecimento sobre os padrões de distribuição
desses animais ainda é considerado pouco compreendido. Estudos preveem a descrição futura de pelo menos o dobro das espécies
atualmente conhecidas. As falhas no conhecimento do grupo refletem-se no status atual da biodiversidade dos tardígrados no Brasil: as
espécies marinhas registradas provêm de poucas praias do Nordeste e do Sudeste brasileiros, enquanto os registros de limnoterrestres
são muito pontuais, antigos e incompletos. Das poucas espécies descritas no país, algumas têm ampla distribuição, mas provavelmente
isso se deve a problemas na identificação e delimitação desses táxons através de estudos de morfologia tradicionais, os quais, apesar da
sua importância, não têm sido suficientes para responder questões taxonômicas e biogeográficas do grupo. Estes problemas estão
relacionados com as deficiências Lineanas, Wallaceanas e Darwinianas, três das sete deficiências globais no acesso a biodiversidade.
Este projeto, ao ampliar os pontos de coleta de tardígrados no Brasil, utilizar uma abordagem com técnicas de morfologia integrativa
(microscopia de luz com contraste diferencial de interferência, microscopia eletrônica de varredura, microscopia eletrônica de
transmissão e confocal) e investigação molecular na tentativa de resolver os problemas de delimitação de espécie, estudos de caracteres
morfológicos, e certamente ampliará o conhecimento sobre a distribuição, diversidade e classificação desses diminutos animais
Heterotardigrada; Eutardigrada; Taxonomia; Apotardigrada; Biogoegrafia; Filogenia
Os espécimes serão identificados com base na morfologia externa e interna. Os caracteres morfológicos externos tradicionalmente utilizados para a taxonomia do grupo são as características relacionadas ao corpo; ornamentação na cutícula, papilas bucais, faringe e todas as estruturas duras ali presentes, formato e distribuição das garras, órgãos reprodutivos. Para a identificação e captura de imagens dos espécimes triados serão utilizados microscópios Zeiss com contraste de interferência diferencial (DIC).

As coletas serão realizadas nos locais tipos identificados nas descrições originais e no catálogo de tardigradas marinhos da América do Sul de Miller & Perry (2016): Ilhabela: Orzeliscus belopus Du Bois Reymond Marcus, 1952; Guarujá: Batillipes pennaki Marcus, 1946. No caso das coletas para localizar a espécie limno-terrestre, serão realizadas coletadas nos locais onde o catálogo de tardigradas não marinhos da América do Sul de Kaczmarek et al. (2015) identificou a ocorrência de Milnesium tardigradum, bem como nas publicações de De Barros (1939) e Da Rocha et al. (2017): Estados de Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, além de outras cidades do interior de São Paulo.

Protocolo de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)
Logo após a triagem dos espécimes, eles serão transferidos para meio liquido a 60°C por 1 hora e depois para álcool 70%. Após algumas horas, serão imersos em álcool 80, 90, 95 e 100% (por volta de 45 segundos a 1 minuto). Com relação a secagem, o material será submetido ao procedimento de desidratação por ponto crítico, com o equipamento Balzers CPD 30
(temperatura 37oC e pressão 70 kg/cm2), ou pelo uso da substância química Hexamethyldisilazane – HMDS (Gomes-Junior & Da Rocha, 2015). As amostras já preparadas
serão montadas em stubs de alumínio com fitas de carbono específica, metalizadas com uma camada de 10 a 20 nm de ouro, em seguida observadas e fotografadas no Miscroscópio de
Eletrônico de Varredura, marca JEOL, modelo JSM-5800 LV do Laboratório de Microscopia Eletrônica do Instituto de Biologia da Unicamp.

Análises Moleculares
O DNA genômico de cada indivíduo será extraído com auxílio do kit QIAamp DNA Micro Kit (Qiagen) para Tardigrada. Fragmentos dos genes mitocondriais (Citocromo Oxidase Subunidade I – COI), gene nuclear (18S) e gene ribossomal (28S) serão amplificados por meio da Polimerase Chain Reaction (PCR) e com o uso dos primers listados na Tabela 2. As reações de PCR serão feitas com 3 μL de DNA, 12.5 μL de Taq PCR Master Mix (Qiagen), 8.7 μL de água e 0.4 μL (4 pmol) de primers específicos. Os produtos resultantes das amplificações por PCR serão purificados com o kit específico para tal função (Illustra22 ExoProStar 1-Step - GE Healthcare) ou as bandas serão purificadas usando um kit para extração de gel da Qiagen. Por fim, as amostras serão quantificadas e preparadas para o sequenciamento pelo método de Sanger. Será dada prioridade para a realização do sequenciamento no Brasil, no Laboratório Central de Tecnologias de Alto Desempenho em Ciências da Vida (LaCTAD) da Unicamp em Campinas ou Myleus Biotecnologia em Belo Horizonte. Outras instituições poderão ser consultadas caso necessário
Coleta de material biológico: durante o segundo semestre de 2022 e primeiro semestre de 2023
Análises morfológicas: Descrição e ilustração das espécies (desenhos e fotos em DIC/MEV/MCT): durante o segundo semestre de 2022 e até segundo semetre de 2024
Análises moleculares: Obtenção das sequências de DNA: primeiro semestre de 2023 até primeiro semestre de 2024

Solicitações

Laboratório com lupas e microscópios para triagem
Laboratório com lupas e microscópios para triagem
Tardigrada, Gastrotricha
Praias de Ubatuba, São Sebastião e IlhaBela
Não
Sim
  • Utilização de embarcação do CEBIMar
  • Março
  • Maio
  • Agosto
  • Outubro
4
4