Projeto de pesquisa

Ritmos ambientais regulam o comportamento e a fisiologia de todos os organismos vivos. O ritmo mais conspícuo é o ciclo claro:escuro, regulando estados metabólicos, processos fisiológicos, reprodução e comportamento, seja através de um relógio circadiano endógeno ou como uma resposta simples à luz. O mecanismo do relógio circadiano, bem como os perfis de expressão gênica associados, são amplamente conhecidos para organismos modelo, mas têm sido explorados em cnidários apenas nas últimas décadas. Corais escleractíneos possuem os principais genes circadianos observados em camundongos e moscas, sugerindo que a habilidade de perceber, antecipar e responder a mudanças do ambiente surgiu na base evolutiva de Metazoa. Curiosamente, alguns dos genes circadianos centrais parecem se comportar de maneira diferente nos corais, perdendo a ritmicidade sob condições de escuridão constante. O projeto propõe a investigação da expressão gênica do holobionte, a avaliação independente de parâmetros fisiológicos o do coral e de seus simbiontes, e o levantamento da comunidade microbiana associada, correlacionando os dados obtidos com variáveis ambientais. Os resultados servirão como uma linha de base acerca do funcionamento de corais saudáveis e como o coral hospedeiro e seus simbiontes respondem ao ciclo claro:escuro. Neste contexto, Madracis decactis e Mussismilia hispida, duas espécies zooxanteladas, e Tubastraea coccinea e T. tagusensis, duas espécies azooxanteladas serão estudadas e comporão o primeiro estudo no Atlântico Sul sobre o relógio circadiano de maneira integrativa e transdisciplinar.