Parecer da Comissão Científica

Aprovado
Projeto Externo - de Outra Unidade da USP

Dados do solicitante

Giulia Buzzacaro Braz

Natureza do projeto

Projeto de formação discente
Mestrado
Miguel Mies
Por favor, selecione

Pesquisadores ou docentes associados

Recursos

Sem financiamento

Descrição do projeto

Uso da esclerocronologia para reconstrução do histórico de branqueamento de corais scleractineos.
11-06-2024
20-12-2024
O branqueamento de corais é uma grave ameaça aos recifes em todo o mundo, entretanto o Brasil carece de conhecimento sobre como os recifes nacionais foram afetados no passado. Desta forma, pretendemos usar a esclerocronologia e datação das bandas de crescimento e calcificação dos corais com o objetivo de reconstruir o passado do branqueamento nos últimos 40 anos. Este período foi proposto porque condiz com o tempo em que o El Niño-Oscilação do Sul começou a ficar mais intenso, causando o primeiro evento de branqueamento em massa em 1982 (GLYNN, 1993). Desta forma, será possível compreender melhor o impacto das mudanças climáticas, bem como a resposta dos recifes brasileiros frente a este impacto global, tendo como objetivo a constatação de eventos de branqueamentos passados não documentados. Além disso a geração destes dados contribui para a conservação destes ecossistemas à medida que pode ser aplicado por gestões ambientais na administração de uso-público e compreensão do passado, frequência e magnitude do impacto do branqueamento. Ademais, a compreensão de respostas passadas frente ao estresse térmico, facilita a previsão do impacto de futuras ondas de calor que podem atingir a costa brasileira futuramente.
Branqueamenrto, recifes de coral, esclerocronologia, mudanças climáticas
A extração de amostras será realizada por um testemunhador. As amostras serão produzidas através da retirada de cortes verticais deste o topo até a base da colônia. Já as coletas devem ser feitas em profundidades entre 5 e 10 m, para garantir que as colônias estejam dentro do intervalo batimétrico onde tipicamente ocorre branqueamento natural (DONNER; RICKBEIL; HERON, 2017). Então, a parte superior das amostras, contendo tecido mole dos corais, será preservada em gelo na embarcação e posteriormente armazenada a -20º C no freezer. É importante ressaltar que este método já foi realizado em outros locais em que os objetivos de pesquisa eram relativamente semelhantes, e tiveram resultados bem-sucedidos, (BARKLEY; COHEN, 2016; HUDSON et al., 2015; MOLLICA et al., 2019; PEHARDA et al., 2021) sem causar mortalidade das colônias amostradas. Métodos analíticos: A medida de calcificação será realizada no laboratório de radioecologia e mudanças climáticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde a densidade mineral óssea e taxa de calcificação serão medidas a partir de um microtomógrafo. Este método apresentou boa eficiência para análise de esqueletos de corais em outros estudos que mediram os mesmos parâmetros (BRAZ et al., 2022). No presente estudo, a medida de calcificação terá o propósito de encontrar bandas de crescimento com maior densidade mineral óssea e maior taxa de calcificação. Estas são as “stress bands” (HUDSON et al., 2015), tipicamente formadas durante a recuperação de uma colônia durante o processo de recuperação de branqueamento, ou seja, pós estresse térmico (BARKLEY et al., 2018). Paralelamente, será feito um levantamento dos valores de DHW através do banco de dados da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), para correlacionar a data de formação da “stress bands” com o estresse térmico registrado no recife. Desta forma, será possível identificar a quantidade de eventos de branqueamento que ocorreram nos locais analisados. Já para saber quando esses eventos aconteceram será feita a datação dos “stress bands” a partir da técnica ICP-MS (Espectrometria de Massa com Plasma Individualmente Acoplado). Esta técnica é usada para análise de relações isotópicas de diversos elementos químicos de amostras. Neste caso, as relações investigadas serão: estrôncio (Sr)/cálcio (Ca); magnésio (Mg)/cálcio (Ca) e tório (Tr)/cálcio (Ca). Assim, podendo determinar a datação a partir da meia-vida dos isótopos desses elementos. Pela razão isotópica encontrada na amostra, pode-se determinar há quanto tempo ocorreu a formação mineral. Desta forma, possibilitando a compreenção quando o organismo calcificou, corroborando com uma maior precisão da datação feita pelo colaborador Heitor Evangelista. Então, para confirmar a existência de bandas de crescimento com calcificação mais intensa será feito um teste de análise variância que verifica a diferença de calcificação entre as bandas de crescimento. Caso haja diferença significativa, será feito um teste post-hoc de tukey para verificar onde essa ocorre.
No dia 4 de abril de 2004 foi realizado um mergulho em Alcatrazes para retirada dos testemunhos com a seguinte equipe de mergulhadores: Giulia Braz (IO), Marcelo Kitahara (CEBIMar) e Thomas Banha (CEBIMar). Este foi um campo piloto, muito bem sucedido que resultou na extracáão de 4 testemunhos de corais. A próxima etapa é fazer alguns ajustes no equipamento e seguir para a base do Instituto Oceanográfico em Ubatuba, onde mais uma coleta será realizada. Por fim, as amostras serão destinadas para o laboratório de radioecologia e mudanças climáticas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, onde a densidade mineral óssea e taxa de calcificação serão medidas a partir de um microtomógrafo, sob responsabilidade de um colaborador (Heitor Evangelista).

Solicitações

Nenhuma no CEBIMar.
Nenhum no CEBIMar.
Mussismilia hispida
Alcatrazes e Ubatuba
Condições viáveis para mergulho autônomo
Não
  • Abril
  • Maio
3
1